Quarta-feira, 16 de Fevereiro de 2011

este país não é para jovens

Eu, tal como muitos outros, pertenço, em teoria, à chamada “geração rasca”. Ou à “geração à rasca”. Ou à "geração deolinda”. Ou o quer que se nos lembrem de chamar. Não é importante o nome, aqui. Importante, isso sim, é que somos a primeira geração em muitas com um nível de vida inferior ao dos nossos pais. Importante é sermos todos parte de uma geração urbana e instruída que, pela primeira vez em muito tempo, trabalha para o dia-a-dia e não para o futuro.

 

Somos a geração sacrificada em nome das estatísticas do nível de ensino. Somos a geração sacrificada em prol da “competitividade” e da “flexibilização”, conceitos que não significam mais do que meios de melhoramento da margem de lucro de uns poucos privilegiados. Somos uma geração jovem a tentar sobreviver num país dominado por velhos onde o conceito de mérito facilmente se confunde com a mera passagem do tempo. Somos uma geração habituada a ver velhos atribuírem prémios, títulos e regalias a outros velhos por terem produzido numa vida inteira aquilo que somos obrigados a fazer num ano a recibos verdes e sem qualquer crédito. Não há lugar para nós nesta terra. Todos os bons lugares já foram ocupados por gente muitas vezes com menos mérito, talento e vontade.

 

Que parvos que somos todos nós. Deixamos que os media e velhos contabilistas e outros miserabilistas nos digam que não temos futuro. Mas temos. Vão-te todos embora, digo eu. Se tudo está assim tão mau, que desapareçam eles todos daqui, abdiquem dos cargos, salários e reformas, já agora, que nós tratamos disto. Nós conseguiremos, eles já tiveram uma oportunidade. Nem lhes passa pela cabeça do que somos capazes da fazer nem da nossa capacidade de trabalho. Vejo-o todos os dias, a toda a hora. Para já não passamos de uma massa vergada sobre o peso do trabalho ou da ausência dele, exaurida pelo sentimento de injustiça, unidos em torno de coisas simples de modesto significado, como uma simples música. Mas lá iremos.

 

Para já ainda nos podemos esquecer de que o capitalismo, hoje, tal como ontem e tal como o continuará a ser, se alimenta de gerações inteiras para dar guarida a muito, muito poucos. A história, no entanto, tem muito a ensinar: as massas não se esmagam, quanto muito vergam – e só até um certo ponto.


publicado por Harpad às 22:49
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