Sábado, 1 de Março de 2008

Europa - I

Em 2006, um tipo cheio de razão e de modéstia que por acaso sou eu escreveu isto num dos seus antigos blogues. Para encher chouriço, aqui o deixo.
 

"A União Europeia não descende de uma longa linhagem de tentativas que pretendem unir os europeus em torno da sua história e da sua cultura, nem mesmo pretende assegurar a qualidade de vida dos europeus. A Europa é um estado do Capital. A Europa procura novamente o lugar de superpotência mundial que a história não a deixará ocupar.
 
A CECA não foi criada com o intuito de melhorar a vida dos europeus mas para gerir a forte competição franco-alemã e garantir a predominância do bloco central político e económico do nosso continente. Cinquenta anos depois os europeus foram confrontados com a primeira grande decisão política da SUA Europa, o referendo para a Constituição Europeia e chumbaram-na, não porque discordassem de alguns dos seus pontos, aliás, não acredito mesmo que a grande maioria de nós tivesse conhecimento suficiente para o fazer mas essencialmente porque não se identificam com a própria União Europeia o que há muito está comprovado, aliás, pelo forte abstencionismo nos escrutínios Europeus.
 
A liderança europeia passou décadas a tomar posições e decisões nas costas dos cidadãos, apesar dos esforços de alguns (poucos) visionários que pretendiam legitimamente transformar a Europa num continente dos europeus, unido em torno dos seus direitos. A entrega de algum poder de decisão aos cidadãos foi feita demasiado tarde. A União Europeia atolou-se em regras de gestão financeira, de tratados atrás de tratados que facilitam o expansionismo capitalista mas esqueceu-se das reformas da segurança social, do desemprego causado pelas deslocalizações, da formação profissional eficaz e generalizada, da imigração, entre outras questões talvez não menos importantes como a defesa comum e o ambiente. A verdade é que os lobbies, as multinacionais e os governos maioritariamente financiados por estes passam bem sem esta entrega das decisões aos europeus.
 
Em nome do défice os estados europeus desinvestem nas políticas sociais. No perfeito mundo neoliberal o estado é gerido por uma elite que se reveza invariavelmente nas urnas e cujo papel é legislar para uma minoria que detém a quase totalidade do poder económico. Em nome da competitividade económica os cidadãos são mera mão-de-obra tão barata quanto possível e um mercado de onde se extrari a riqueza. Resta saber o que irá suceder quando as empresas europeias se concentrarem nas portas de Vladivostock ou Bombaim e metade dos europeus se encontrar no desemprego."
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publicado por Harpad às 23:00
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