Segunda-feira, 27 de Julho de 2009

XXI Ocidental - II

A História é cíclica. Parece repetir-se com um movimento pendular. O século XXI inicia-se em moldes semelhantes aos do século que lhe precedeu: a sociedade voltou ao falso puritanismo, ao conservadorismo, ao louvor da riqueza e da posse e até ao nacionalismo. Libertas do fardo da Guerra Fria e do inevitável debate "esquerda"/direita" que despoletou, as massas renegaram os ideais e tornaram-se sedentas de luxo. A sangria de riqueza dos mercados para os bolsos de poucos levaram milhões a endividar-se, afinal, numa tentativa de perseguir vã de perseguir o Grande Sonho Capitalista que lhes é prometido pelo menos desde a XX Grande Guerra. O resultado é uma Crise, aparentemente uma de entre muitas apregoadas como bandeiras de propaganda política (e como justificação da inépcia). Dir-se-iam consecutivas, embora esta pareça mais real e mais forte.

A abstenção aumenta em todos os países desenvolvidos. Por todo o lado despontam críticos mas não verdadeiros pensadores. Os novos meios de comunicação, ao invés de se tornarem veículos de ideais e ideais são refúgios solitários onde poucos escapam à regra do anonimato porque a tal luxo se podem dar. Existem represálias, sim. Casos não faltam, murmurados pelos cantos dos jornais. Anos antes seriam considerados verdadeiros escândalos, de momento ninguém se interessa. Agora não são necessárias polícias políticas mas apenas uma sociedade perfeitamente capaz de se auto-censurar com tenacidade. A liberdade perde valor, a democracia nada significa para muitos que dela usufruem. De bom grado ambas são trocadas pela ilusão do Grande Sonho.

Os verdadeiros valores foram esquecidos. Longe dos tempos de fome, os habitantes do mundo civilizado pouco se interessam pelo social, por tudo o que não seja imediatamente satisfatório, pelo vizinho. Não há líderes, apenas críticos e oportunistas. A política democrática, ao invés de estar nas mãos dos povos está entregue a um grupo de políticos profissionais que vieram substituir a aristocracia de tempos idos mas que representa, ainda e sempre, os interesses da burguesia. Longe dos tempos de fome? A história repete-se, convém lembrarmo-nos. Pela primeira vez em muito tempo existe uma geração de jovens trabalhadores de países desenvolvidos com menos qualidade de vida, e futuro, do que os seus pais. Crise? A História repete-se. E mesmo quando esta crise se encontra prevista desde 1847 .


publicado por Harpad às 01:56
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Quinta-feira, 16 de Julho de 2009

Porque nós merecemos

Aparentemente, os males do mundo foram gerados pelo Socras, essa mefistofélica encarnação. A crise, a inflação, a deflacção, a cripe do porco, das aves e de outros animais domésticos, da chuva, da seca, dos buracos no orçamento e na estrada. Estou convencido que fiquei sem acesso à Rede este fim-de-semana por culpa desse senhor. Disso e talvez um pouco de pé-de-atleta também. No PSD já se cheira a poder. Até a corja da Vintena Maravilha de empresários, génios de Portugal, já pôs as anteninhas de fora para atirar postas de pescada sobre como gerir o país, como se por acaso tivessem esses senhores sido eleitos por alguém e como se por acaso tivessem mais direito a expressão do que qualquer eleitor deste país. As pessoitas desta terra devem andar esquecidas, ou então serão burritas mesmo, assim se entende desde que elegeram a figurinha que nos serve de PR. Devem ter-se esquecido de quem inventou os recibos verdes. De quem enviou para o mais profundo dos oblívios a cultura e a ciência e de quem foi a célebre ministra da educação que, anos antes da maluquinha com problemas hormonais (e não só) que rege tão importante pasta (e o seu respectivo cão de guarda) cilindrou a voz dos profesores e dos estudantes. Deve o povinho ter-se esquecido quem foi o governo que desperdiçou mundos e fundos da UE quando os havia em abundância para que ficássemos todos a ver países como a Espanha e a Irlanda passarem-nos à frente em todos os aspectos possíveis e imaginários. Lembremo-nos qual o partido que nos colocou na fotografia dos Açores. Quando dissermos que o Socras quer controlar os media lembremo-nos do Marques Mendes e os tão falados telefonemas para a RTP há uns anos atrás, caso que nunca foi explicado. O problema do actual PM é a arrogância? Não, meus caros a mais arrogante figurinha que tomou o poder nas últimas décadas é agora PR e na altura gostávamos tanto dele que lhe renovámos a maioria absoluta.

Os laranjinhas, entre conferências de imprensa a atacar o Socras, devem rezar a todos os anjinhos em agradecimento por não estarem no poder em plena crise económica internacional. Eles sabem, e melhor do que nós, povo bruto, alguma vez saberemos, que não têm qualquer resposta para a crise. Eles sabem, aliás, que se chegarem ao poder antes da crise passar Portugal enterrar-se-á de uma maneira de modo profunda que irá fazer do pós-Grande Guerra uma época de bonança. Sim, eles sabem. O PSD, no entanto, não é um verdadeiro partido político mas sim uma associação de cidadãos para benefício individual. O PSD existe para servir os seus militantes, não tem ideais nem verdadeiras ideias. Existe para distribuir tachos, cunhas e benefícios. Quem não acreditar que veja o que fazem antigos ministros e secretários de estado: quantos estão a liderar empresas privadas construídas com dinheiro dos contribuintes. Como já alguém disse, o PSD é um partido de poder, esta é a sua verdadeira identidade e razão de existência. O PS não é muito melhor, mas o termo "Socialista" pelo menos ainda tem o condão de atrair um ou outro medíocre com algumas preocupações sociais.

 

Pensemos, portanto, pensemos bem naquilo em que nos estamos a meter. No que me toca, não deposito esperança em seja o que for ou sem seja quem for. Ninguém se interessa e ninguém parece fazer uso do encéfalo. Até os americanos parecem tê-lo feito: eles entenderam o que se deve fazer quando ocorre uma crise do Capitalismo. Neste continente, pelo contrário, rumámos alegremente para a direita para gáudio de Merkels, Sarkozys, Browns, Berlusconis e até de Durões, uma amostra dos mais medíocres líderes que a Europa conseguiu parir em muito, muito tempo. Pensando bem, se calhar merecemos tudo aquilo que nos cai em cima. Nós cá da aldeia e o resto dos europeus.


publicado por Harpad às 00:37
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