Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

é d'homem

Sim. Enviar aviões de combate para bombardear manifestantes, civis, desarmados, membros do seu próprio povo, numa praça é d'homem. Interessantemente, nós e a nossa avidez por petróleo mantemos este bárbaro medieval no poder. Até esquecemos Lockerbie. Nada de novo, portanto - ditaduras boas são aquelas que podemos explorar. Há-as em África, Médio Oriente, América do Sul e por todo o lado. Esqueçamos o colonialismo "à antiga": não é preciso hastear a nossa bandeira num qualquer país distante, basta posar na fotografia ao lado do energúmeno que nos dá jeito manter no poder. Salvé a santíssima trindade do capitalismo: dinheiro, petróleo e armas.


publicado por Harpad às 00:44
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Domingo, 20 de Fevereiro de 2011

o colapso dos ideais

Se há característic aue irá caracterizar, para os futuros historiadores, o início deste nosso novo século é o total desgaste dos ideais. Começou como algo natural, por hábito e desinteresse, com o fim da Guerra Fria. Simplesmente, deixaram de fazer sentido, para gáudio dos que não pretendem pensar e dos que temem quem o faça. Não devemos confundir ideiais com ideias: ideias todos as têm, numa distribuição de carácter contínuo, da mais expepcionalmente inteligente até ao infinito da mais pura cagada. Sim, porque se há distinção entre a inteligência e a estupidez é que a primeira tem limites.

 

Não é difícil verificar, basta escutar as conversas de café, os jornais e, talvez mais importante ainda, os comentários do público comum e geral colocados na Internet ao suposto abrigo do anonimato, que o que resta dos idealismos, essas torrentes de ideias que moldaram o destino dos Homens ao longo dos séculos, está reduzido ao nível intelectual do confronto entre adeptos de clubes de futebol. Existe a "esquerda" e a "direita"como existem os "vermelhos" e os "azuis", para utilizar uma metáfora que bem entendemos. E a mediocridade geral que caracteriza a nossa classe política (dentro e fora do país e da Europa, entenda-se), reflecte isto mesmo. Veja-se bem: quem outrora defendeu a invasão "comunista" do Afeganistão defendeu com unhas e dentes a re-invasão do mesmo da forma idiota com que foi realizada e, ainda mais absurda, a do Iraque. Porque sim. Há quem se intitule comunista e defenda regimes fundamentalistas religiosos. Veja-se como se transformou uma crise do capitalismo numa crise do estado social: subitamente, as embrutecedoras políticas financeiras de "direita" viraram o problema para o "socialismo" que persiste ainda em alguns países (entre os quais, supostamente nós, como se alguma vez tivéssemos sido socialistas). Vejam como um pobre diabo, mal pago, endividado e perto de ser despedido para deslocalização da fábrica onde trabalha se revela um acérrimo defensor dos mesmos "ideais" que o enterram cada vez mais na base da pirâmide social.

 

Acabaram-se os "ismos" para bem de um "ismo" supremo. que, passo a passo, nos conduz ao vazio - o Capitalismo - ao vazio intelectual, ao vazio social e ao vazio individual. Já não somos seres que pensam mas entidades que compram. Somos clientes de empresas e estados, clones ávidos de comprar, ter e exibir dos quais artigos pouco ou nada precisamos mas que estimulam, tal como outros vícios, a libertação de endorfinas. Se surgir, nalgum ponto ou outro deste mundo, alguma réstea de um ideal que se lhe oponha, surge um coro de vozes ofendidas e ofensivas, odiosas, mesmo, de cajados e bastões na mão dispostos a defendê-lo. Estamos onde nos querem: por mais pobres, por mais injustiçados, por mais despojados que sejamos dos direitos que aqueles que lutaram por outros "ismos" nos deixaram por herança,  somos já capazes de injuriar, odiar e porque não, no futuro talvez até de matar pelo Capitalismo.

 

Percebe-se bem de onde vem tanta confusão, apesar de tudo. Veja-se como um bando de medíocres destruiu o sonho de milhões debaixo das ruínas do Muro de Berlim e enviou a esperança para o Gulag. Veja-se como os tipos que se auto-proclamam os vencedores da Guerra Fria, em nome da paz e da liberdade invadem, torturam, mentem e escutam as conversas de tudo e todos com total complecência do seu próprio povo, a quem os ideais nunca disseram fosse o que fosse. Os ideais são coisas dos europeus. E os europeus estão em coma. Terminou a era da luta pela justiça social, da luta por uma sociedade que sirva a maioria.


publicado por Harpad às 22:12
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Sábado, 19 de Fevereiro de 2011

e depois de tanto trabalho...

Pois é. Depois da Tunísia, o Egipto. Depois do Egipto o Bahrein? O Yémen? ...A Líbia... (tão nosso aliado desde os últimos anos)? Os regimes que o mundo ocidental tão habilmente tem instalado, mantido e controlado estão a cair. Mas esta talvez não seja a melhor notícia. A melhor notícia é que não foram necessários partidos, militares, políticos, sacerdotes, demagogos em geral e outras classes de abutres para os deitar abaixo. Bastou a vontade popular. Que os deixemos tomar as suas escolhas em paz, quaisquer que sejam. Que pelo menos os europeus (re)aprendam que a vontade de muitos ainda se consegue sobrepôr à de poucos.


publicado por Harpad às 00:04
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Quinta-feira, 17 de Fevereiro de 2011

afinal parece que

o conceito de Democracia, para tipos como o Pacheco Pereira é como a cor dos modelos T para Henry Ford: "podem escolher a cor que quiserem, desde que seja preto".

 

Pois é. A CIA mentiu sobre os motivos que levaram à invasão do Iraque (que novidade), baseados nas mentiras (pelos vistos já sobejamente conhecidas) de um tipo que diz que derrubar um tiranete justifica a morte de muitos milhares de seus conterrâneos, fome, miséria, ocupação estrangeira, terrorismo e funtamentalismo religioso (como alternativa a ser um tretas patológico). Pois.

 

Das duas uma: ou a CIA é o mais imbecil e incompetente serviço secreto do mundo (o termo "intelligence" reveste-se, aqui, de um certo humor) ou então estava a par de tudo e decidiu dar uma ajudinha aos accionistas das empresas de armamento, petróleo e contrução que chafurdam (ainda) no Iraque e que por coincidência financiaram a campanha do então presidente.

 

Por cá, tal como lá, ou como em todo o lado, para o efeito, a direita agarrou-se a esta guerra como se estivesse a jogar ao bate-pé. Aparentemente, as democracias podem mentir, enganar e enviar cidadãos para guerras de legalidade, no mínimo, duvidosa, desde que tal sirva os desígnios de poucos e, acima de tudo, chateie a "esquerda".  Quem quer que seja. Faz lembrar fantasmas antigos: antes das purgas de Estaline, os comunistas eram injuriosamente apelidados de "pacifistas" e, pior ainda, de "promotores do amor-livre". Lembro-me que na altura foi muito interessante ler a crónica deste senhor Pacheco, respondendo ao escritor Mia Couto, muito ou pouco comunista mas bastante pacifista. Para quem a leu, fica claro o verdadeiro significado de Democracia para a massa intelectual de direita. Pode propagandear alarvidades militaristas e outras tretas, prender sem justa causa, torturar, matar e ainda exigir aos contribuintes que paguem tudo isso. Em nome de mentiras convenientes. Considerando a enorme vantagem financeira que alguém arrecadou com esta (e outras) guerras, o termo capitalistamente correcto a aplicar a este caso é "empreendedorismo" de sucesso.


publicado por Harpad às 21:49
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Quarta-feira, 16 de Fevereiro de 2011

este país não é para jovens

Eu, tal como muitos outros, pertenço, em teoria, à chamada “geração rasca”. Ou à “geração à rasca”. Ou à "geração deolinda”. Ou o quer que se nos lembrem de chamar. Não é importante o nome, aqui. Importante, isso sim, é que somos a primeira geração em muitas com um nível de vida inferior ao dos nossos pais. Importante é sermos todos parte de uma geração urbana e instruída que, pela primeira vez em muito tempo, trabalha para o dia-a-dia e não para o futuro.

 

Somos a geração sacrificada em nome das estatísticas do nível de ensino. Somos a geração sacrificada em prol da “competitividade” e da “flexibilização”, conceitos que não significam mais do que meios de melhoramento da margem de lucro de uns poucos privilegiados. Somos uma geração jovem a tentar sobreviver num país dominado por velhos onde o conceito de mérito facilmente se confunde com a mera passagem do tempo. Somos uma geração habituada a ver velhos atribuírem prémios, títulos e regalias a outros velhos por terem produzido numa vida inteira aquilo que somos obrigados a fazer num ano a recibos verdes e sem qualquer crédito. Não há lugar para nós nesta terra. Todos os bons lugares já foram ocupados por gente muitas vezes com menos mérito, talento e vontade.

 

Que parvos que somos todos nós. Deixamos que os media e velhos contabilistas e outros miserabilistas nos digam que não temos futuro. Mas temos. Vão-te todos embora, digo eu. Se tudo está assim tão mau, que desapareçam eles todos daqui, abdiquem dos cargos, salários e reformas, já agora, que nós tratamos disto. Nós conseguiremos, eles já tiveram uma oportunidade. Nem lhes passa pela cabeça do que somos capazes da fazer nem da nossa capacidade de trabalho. Vejo-o todos os dias, a toda a hora. Para já não passamos de uma massa vergada sobre o peso do trabalho ou da ausência dele, exaurida pelo sentimento de injustiça, unidos em torno de coisas simples de modesto significado, como uma simples música. Mas lá iremos.

 

Para já ainda nos podemos esquecer de que o capitalismo, hoje, tal como ontem e tal como o continuará a ser, se alimenta de gerações inteiras para dar guarida a muito, muito poucos. A história, no entanto, tem muito a ensinar: as massas não se esmagam, quanto muito vergam – e só até um certo ponto.


publicado por Harpad às 22:49
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depois da idosa encontrada em sua casa, bem defunta, após nove anos de absoluto abandono...

...eis que os moradores de freguesia de Santa Maria de Belém (Lisboa) começaram a bombardear a esquadra da PSP local com telefonemas: aparentemente estão preocupados por o habitante de um tal Palácio de Belém não dar sinais de vida à uma boa meia-dúzia de anos.


publicado por Harpad às 17:45
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