Não consigo deixar de julgar extraordinário o modo como um uníssono coro de vozes se ergue no ar para defender o Capitalismo cada vez que um acontecimento abana as frágeis fundações deste castelo de cartas em que vivemos. Do mais iletrado dos viciados em telemóveis ao supremo intelectual neo–liberal há toda uma fauna que teme que venham os malvados dos comunas, outra vez, chocalhar o nosso plácido charcozinho. De todos os regimes sócio–económicos que existiram, exceptuando o nacional–socialismo, pois nada há de mais medíocre do que crer que os seres humanos se dividem em “raças” e que entre estas umas são superiores, o Capitalismo é o único que depende integralmente da mediocridade humana. Se os seres humanos fossem intrinsecamente bons viveríamos em Anarquia, sem necessidade de leis, governos ou fronteiras. Até o Feudalismo seria auto–sustentável, com um lorde justo, empreendedor e respeitador da vontade da plebe. Mas não o Capitalismo. O Capitalismo não só fomenta a mediocridade como se alimenta dela. Depende da ganância, da avareza, da sede de dinheiro, poder e de bens de consumo. Especular sobre o preço de bens de primeira necessidade, prejudicando o seu acesso aos méis desfavorecidos é ser–se medíocre. Especular sobre os preços dos terrenos, forçando milhões para longe das cidades em direcção a subúrbios inertes, é ser–se medíocre. Deslocalizar uma empresa condenando centenas e milheres ao desemprego para conseguir mão–de–obra barata, é ser–se medíocre. Preterir–se mão–de–obra qualificada ou recusar pagá–la com o valor que merece é ser–se medíocre. Despedir uma mulher que engravida é ser–se medíocre. Privatizar a saúde e a educação, tornando–as acessíveis apenas a uma elite, é ser–se medíocre. Consumir desenfreadamente e atolar a família em dívidas para esse efeito, é ser–se medíocre. Recusar aumentar os salários dos trabalhadores e comprar um novo automóvel desportivo, é ser–se medíocre. Forçar os contribuintes a pagar uma autoestrada e entregar a sua gestão a um privado que nada investe mas tudo recebe, é ser–se medíocre. Impedir o acesso a medicação barata, é ser–se medíocre. Dizer–se que não deve existir segurança social porque não se quer dar dinheiro a pobrezinhos, é ser–se medíocre. Um sistema que esgota a riqueza em circulação ao acumulá–la nos bolsos de poucos, obrigando famílias a endividar–se para comprar merdas de que não necessitam até não poderem pagar os empréstimos e assim gerar uma reacção em cascata de falências nos sistema financeiro, é medíocre. Um sistema que depende de catástrofes financeiras para repor a riqueza no mercado, é medíocre. Um sistema que depende da exploração de povos e países para deles extrair riqueza continuamente para compensar o endividamento e a inflação, é medíocre. Um sistema em que o humanista crítico é um pária ou, pior, um comunista, e o espertalhão um grande líder, um economista genial, é medíocre. Achar que o Capitalismo é auto–sustentável supera ser–se medíocre, é ser–se estúpido, é ser–se ignorante. Os intelectuais neo–liberais é muito que se esforçam por nos convencer de que Capitalismo e Democracia são a mesma coisa. Não são. O Capitalismo é muito superior: a sua existência demonstra que somos capazes de trocar o livre–pensamento por uma consola de jogos.
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