Domingo, 6 de Maio de 2012

...vive la France...

...et à quoi bon?...

 

Pois muito bem, pela minha parte, sempre temos uma notícia boa no meio desta espécie de idade das trevas da mediocracia. A pergunta que aqui deixo (propositadamente em francês, apenas que que fique claro o elevadíssimo valor intelectual do autor), tem, no entanto, razão de ser.

 

Para a batalha franco-alemã que se avizinha, Hollande tem, à partida, uma grande desvantagem do seu lado: é francês. E o último francês a levar a melhor sobre um alemão nem sequer era bem francês mas sim um corso. O meu pessimismo pós-realista, em guerra feroz com o positivismo humanista, conseguiu no passado Primeiro de Maio, atravessar essa zona desmilitarizada que é corpo caloso e agora ocupa ambos os hemisférios cerebrais, pelo que, sou dado a pensar que entre o chauvin franciú e o nacional-capitalismo que caracteriza todo e qualquer político saído da antiga Europa de leste, dez vez pior sendo alemão, quem se vai tramar é esse mexilhão chamado Europa.

 

Talvez a melhor notícia do dia venha da Grécia: não pela subida dos greco-nazis (cuja mera definição faz tanto sentido quanto um vegan canibal) mas porque aqueles tipos, na sua postura mediterrânica perceberam que não se entendem, nem se vão entender e provavelmente nem o querem. Se a Grécia se transformar em rastilho, talvez assistamos ao nascimento de algo democraticamente diferente, ou anarca (extrema direita não creio...), pois é claro que os gregos estão fartos - de tudo e de todos e acima de tudo de partidos envelhecidos e institucionalizados que, como em todo o lado, nada fazem nem sabem como (nem o fariam se soubessem) para resolver os verdadeiros problemas dos povos. Talvez os gregos sejam os primeiros a perceber que precisamos de uma verdadeira democracia - pela segunda vez na história da humanidade - pelo que a que temos precisa de ser melhorada, afastada de políticos de merda, de corruptos, de tecnocratas, de medíocres em geral, e, acima de tudo, desse cancro que tudo corrói chamado capitalismo. E não me parece que o senhor Hollande detenha este tipo de clarividência.


publicado por Harpad às 22:18
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Terça-feira, 5 de Abril de 2011

mas porquê no El País?

E porque não nos jornais de cá?

 

Vale a pena ler este artigo de Mário Soares, entre outras coisas sobre a frau Merkel, cá referido pelo Económico.


publicado por Harpad às 23:32
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Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2010

Bombas para quê

O novo século trouxe uma nova guerra e uma nova arma. Esqueçam as bombas, da A à H. A nova arma é a especulação financeira. Para quem não percebeu: existe uma guerra entre os EUA e a China e a Europa é uma nova planície de Verdun. Os países da orla europeia, entenda-se os PIGS (nós, os gregos os espanhóis e os irlandeses), são os alvos mais fáceis, como se de fracas, velhas e obsoletas fortalezas nos tratássemos. A arma é simples: alguém especula que não conseguimos pagar as dívidas e lá vem o espectro do fim do Euro, da UE e da perda de uma enorme fonte de receita para os Chineses, que detêm a maior reserva da moeda fora da União. Um dia talvez que expliquem quem manda da Moody's e a soldo de quem, embora talvez as explicações não venham trazer nada de novo.

 

Agradecem os Coelhos Laranja que já salivam diante do trono do poder & seus amiguitos. Talvez até gostem da ideia de ter o FMI a mandar nisto em vez deles - é a suprema desresponsabilização. Como a carneirada como toda a erva que lhe atiram comentadores de treta e políticos oportunistas, co-adjuvados por uns carneiros pantomineiros que se auto-intitulam de jornalistas mas que não passam de jornaleiros, tudo é possível. Até mesmo, veja-se!, transformar uma crise gerada pelos mais básicos princípios capitalistas numa crise do estado social, numa altura em que mais necessitamos dele.

 

Patético continente este. Sem líderes, sem cérebros, sem europeus. Colonizados estamos desde o plano Marshall, colonizados continuaremos enquanto os líderes que nos regem preferirem ser as rameiras de potências estrangeiras a trabalhar com os antigos rivais de outras guerras.


publicado por Harpad às 01:54
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Segunda-feira, 17 de Maio de 2010

Feios, Porcos e Maus

Portuguese, Irish, Greeks, Spanish. PIGS. Isso mesmo: porcos. Eis como nos vêem os nossos paisanos da Europa nortenha dita civilizada, industrial, estável. O mediterranismo cria muita confusãozinha naquelas cabecitas nórdicas e centro–europeias. E agora fartaram–se nós e o ataque começa sob a forma da pior forma de especulação financeira. A Europa do eixo franco–alemão é um fracasso. Não só se relevou incapaz de escapar a uma crise começada no outro lado do Atlântico como, agora que nela estamos atolados até ao pescoço, consegue apresentar uma medida que seja para a resolver, se não contarmos, claro, com a artificialidade do défice de três porcento. A senhora Merkel e o senhor Bruni estão indignados com a Europa mediterrânica e o seu despesismo, a sua falta de produtividade e competitividade, no entato, é bom relembrar, que passaram uma década a pagar para que deixássemos de produzir para que não pudéssemos concorrer com a sua agricultura e a transformar–nos em mercado e fonte de mar–de–obra barata. De nada lhes serviu, convenhamos, os agricultores centro–europeus continuam na fossa por que não conseguem suportar os custos de produção sem venderem os seus produtos a preços que condenariam à fome os europeus e a produtividade franco–alemã muito se ressente de anos de capitalismo selvagem onde o conceito de investimento a longo prazo é tabu, incapaz de resistir à crise financeira mundial e ao assalto asiático. Fomos transformados, coma lânguida complacência do cavaquismo, no campo de golfe de alemães, franceses e ingleses, os mesmos que se indignam com a nossa falta de produtividade, os mesmos que nos pagaram para que deixássemos de ser competitivos. Afinal, tanta competência junta corre o risco de ser incapaz de salvar o próprio euro.

 

A União é uma excelente ideia empreendida por tontos. Tontos esses que desprezam o Sul com toda a sua aparente inércia, inépcia comercial, corrupção e caos a todos os níveis. Arrase–se a Grécia, mãe da nossa civilização. Destrua–se Portugal, que já era uma potência mundial quando muitos germânicos ainda tinham saudades de adorar ídolos de pau no meio dos bosques. Avizinha–se já o próximo alvo, a Espanha. Não se deveria preocupar tanto a senhora Merkel e afins: sobrevivemos ao nascimento e queda de um império com o qual os alemães apenas puderam sonhar, a meio século de ditadura fascista, a séculos de monarquia incompetente, ao pior sismo registado na Europa, sobrevivemos, imagine–se, a nós próprios. Cá estamos e, mesmo lutando contra o nosso intrínseco pessimismo, cá havemos de continuar, um dia de cada vez, um porcento do défice de cada vez, um mau governo de cada vez. Talvez até sobrevivamos ao capitalismo, essa aberração idealizada por medíocres ao dispor de medíocres que até consegue destruir países inteiros pela força da mais pura e abjecta especulação, para riqueza de uns e gáudio de outros.


publicado por Harpad às 01:01
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Sábado, 1 de Março de 2008

Europa - I

Em 2006, um tipo cheio de razão e de modéstia que por acaso sou eu escreveu isto num dos seus antigos blogues. Para encher chouriço, aqui o deixo.
 

"A União Europeia não descende de uma longa linhagem de tentativas que pretendem unir os europeus em torno da sua história e da sua cultura, nem mesmo pretende assegurar a qualidade de vida dos europeus. A Europa é um estado do Capital. A Europa procura novamente o lugar de superpotência mundial que a história não a deixará ocupar.
 
A CECA não foi criada com o intuito de melhorar a vida dos europeus mas para gerir a forte competição franco-alemã e garantir a predominância do bloco central político e económico do nosso continente. Cinquenta anos depois os europeus foram confrontados com a primeira grande decisão política da SUA Europa, o referendo para a Constituição Europeia e chumbaram-na, não porque discordassem de alguns dos seus pontos, aliás, não acredito mesmo que a grande maioria de nós tivesse conhecimento suficiente para o fazer mas essencialmente porque não se identificam com a própria União Europeia o que há muito está comprovado, aliás, pelo forte abstencionismo nos escrutínios Europeus.
 
A liderança europeia passou décadas a tomar posições e decisões nas costas dos cidadãos, apesar dos esforços de alguns (poucos) visionários que pretendiam legitimamente transformar a Europa num continente dos europeus, unido em torno dos seus direitos. A entrega de algum poder de decisão aos cidadãos foi feita demasiado tarde. A União Europeia atolou-se em regras de gestão financeira, de tratados atrás de tratados que facilitam o expansionismo capitalista mas esqueceu-se das reformas da segurança social, do desemprego causado pelas deslocalizações, da formação profissional eficaz e generalizada, da imigração, entre outras questões talvez não menos importantes como a defesa comum e o ambiente. A verdade é que os lobbies, as multinacionais e os governos maioritariamente financiados por estes passam bem sem esta entrega das decisões aos europeus.
 
Em nome do défice os estados europeus desinvestem nas políticas sociais. No perfeito mundo neoliberal o estado é gerido por uma elite que se reveza invariavelmente nas urnas e cujo papel é legislar para uma minoria que detém a quase totalidade do poder económico. Em nome da competitividade económica os cidadãos são mera mão-de-obra tão barata quanto possível e um mercado de onde se extrari a riqueza. Resta saber o que irá suceder quando as empresas europeias se concentrarem nas portas de Vladivostock ou Bombaim e metade dos europeus se encontrar no desemprego."
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publicado por Harpad às 23:00
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