... sacanas!... e não é que esta canalha quer viver mais do que recomenda o FMI?...
De acordo com o El País, 'El FMI pide bajar pensiones por "el riesgo de que la gente viva más de lo esperado".'
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de
SER !!!
ser
Mein Gott!
боже мой!
Mon Dieu!
Oh my God!
Dios mio!
Valha-nos Cristo!
Ω Θεέ μου!
Afinal, parece que o governo caiu, o FMI entrou e que o povo português vai pagar ainda mais a crise. Porquê?
Ora vejamos:
1) o Coelho Laranja disse em primeiro lugar que o PEC IV era muito mau para o, já de si bastamente massacrado, Zé Povinho. Falso. Disse ele depois que, afinal, o PEC não só é bonzito como ainda vai implementar ainda mais austeridade, ao gosto do FMI.
2) O Coelho Laranja disse estar muito ofendido porque o Sócrates nada lhe tinha dito sobre o PEC IV antes de o apresentar à Europa. Falso. Afinal, foi chamado a São Bento para o efeito.
Fantástico!
O PSD ainda nem ganhou eleições e já mente descaradamente aos portugueses. Isto, meus caros, é puro talento.
Para quê, afinal, eis a questão. Logo a seguir à telenovela do PEC IV, o PSD já assumiu perante a UE que o vai cumprir e que está disposto a adicionar mais medidas ainda. Foi para isto que, com a plácida (mas calculada) conivência dos partidos ditos "de esquerda" do parlamento, se deixou o país à mercê do FMI, do BCE e dos especuladores? Foi para isto que as agências de rating (que um dia gostaria que me explicassem exactamente quem são e a serviço de quem) nos pregaram mais um prego no caixão? Eu, e todos os que se deram a esse trabalho, ouvi o senhor Coelho a criticar o PEC IV pela abusiva austeridade que irá impôr aos portugueses. Pelos vistos, esse discurso durou até à demissão do governo. Antes, contudo, já tinha assistido à senhora Ferreira Leite dirigir-se ao Parlamento dizendo que "estas medidas" podem não ser más "nas mãos de outro governo" que "inspire mais confiança". Confiança a quem e porquê?
Parece-me que os portugueses não entenderam, ou não querem entender, o que realmente está em jogo. O laranjal quer o FMI. Quere-o porque é o pretexto perfeito para a aplicação das medidas que há muito almejam: extinguir os serviços públicos e transformá-los em negócios, aumentar ainda mais a precariedade dos trabalhadores em nome da competitividade (já se falou em contratos "orais", baixar o ordenado mínimo, acabar com o 13º mês, facilitar os despedimentos) e aumentar o IVA. Juntem-se mais algumas medidas inevitáveis a que o FMI nos vai obrigar, como por exemplo obrigar os bancos a dificultar o acesso ao crédito, em nome da saúde da banca (imagine-se o resultado para as pequenas é médias empresas e para o português comum).
A avaliar pelas sondagens com que o jornaleirismo sabujo prontamente nos prendou logo a seguir à demissão do PM, penso que pelo menos metade de nós ainda não percebeu que a qualidade de vida que ainda tem vai desaparecer dentro de um ano ou menos. A curto prazo, acabou-se o carrinho novo, o sofá a crédito e o T3 em Loures. Acabaram-se as feriazinhas na Caparica, o ecrã de plasma e a televisão por cabo com os suplementares canais de desporto. A médio prazo, acabou-se o pão na mesa. Talvez então entendamos.
A culpa é do Sócrates? Não, a culpa é nossa; principalmente dos que têm saudades de Salazar porque nesses tempos pouco se pensava, com o pretexto de que era proibido.
A imprensa está radiante, amanhã poderá ter a vitória que há tanto almeja: a demissão do governo. Demorou, diga-se. Tem sido uma batalha árdua desde a estória do inglês técnico. A ideia é simples: o povo vota, os jornaleiros decidem quem realmente fica. A grande ilusão, contudo, fica para aqueles que verdeiramente salivam de tanta fome de poder: o PSD, evidentemente. Compadeçamo-nos com toda a justiça, afinal, os pobrezitos filiaram-se num partido esperando tirar dividendos e acabam em anos de fome de poder. Julga o Grande Coelho Laranja (GCL) que vai encontrar o paraíso: o governo demite-se, ele ganha as eleições com as melhores condições de governo laranja possível: um presidente da mesma cor, na melhor das hipóteses um amigo e na pior o inútil que tem sido; o FMI a puxar as verdadeiras cordas do país e as culpas de tudo a serem arremessadas sobre o Sócrates e compadrio.
Engana-se. Em primeiro lugar, o PEC não está sujeito a votação e o PM tem autoridade para passar por cima dos partidos da oposição e aprová-lo na mesma. Crise política pode surgir depois, é verdade, mas irá provavelmente aumentar em proporção inversa à popularidade do GCL, incluindo dentro do seu próprio partido. Pode também acontecer que os portugueses não sejam tão burros quanto o GCL pensa e realmente percebam que, com FMIs, a sua qualidade de vida vai cair no abismo em nome da dívida, da flexibilização do trabalho e artimanhas afins sem mais utilidade que aumentar a margem de lucro dos urubus do costume. Podem também começar a perceber que o PSD foi o partido que nos transformou no paraíso de mão-de-obra barata e dos recibos verdes, na época dos Cavacos, em que o dinheiro da CEE caía a rodos para que deixássemos de produzir o quer que seja que competisse com os alemães. Pode ser também que os portugueses percebem que o GCL pouco mais é do que um betinho sem carreira de qualquer género, de pobre formação académica (outro!), demagogo e sem ideias. Enfim, mais um menino jotinha e janota.
Mas pode ser o governo caia e que o GCL ganhe eleições. Nesse caso, vejamos: não terá maioria absoluta e verá a vida infernizada pela oposição. Verá a manifestação dos "à rasca" multiplicada por mil, principalmente se fizer com que o FMI cá entre e, ainda por cima (ha ha ha) terá de aplicar o PEC IV na mesma, porque Bruxelas já disse que a coisa está bem assim e não é para mexer (não tem graça mas um pouco de sarcasmo não mata).
Dou-lhe seis meses. Para nosso bem e talvez para bem dele próprio. A fominha de poder dos PSDs é de tal ordem que, em vez de deixarem o PS governar e atolar-se na contestação mas, pelo menos, livrar-nos do absoluto desastre económico e social, querem já enfiar-se no mesmo atoleiro. Quem perde somos nós, rascas ou não, mas sempre à rasquinha.
Abram os olhinhos e abram-nos bem: estamos à beira de ser ocupados, escravizados e manipulados por interesses privados estrangeiros. Imaginem perder tudo o que andaram a construir e a poupar, tudo pelo que lutaram a vossa vida inteira às mãos de especuladores: os vossos negócios, as vossas carreiras, a segurança das vossas reformas e o conforto e a educação dos vossos filhos! Para quê? Para que os muito ricos não tenham de pagar a crise, para satisfazer a ganância dos que especulam com as nossas vidas, para enfiar no poleiro do poder os Passos Coelho deste país!
Abram os olhos, seus carneiros! Vejam bem a ilusão que vos vendem faz décadas, a ilusão do Capitalismo onde tudo é possível desde que se endividem até ao tutano dos ossos para lucro de poucos. Vejam bem se sofrem com a crise os ricos e poderosos. Vejam bem se o comércio de bens de luxo foi afectado e perceberão que são vocês, carneiros de classe média, que têm de alombar com as consequências, à escala mundial, da contínua sangria de capital dos mercados para os bolsos de muito, muito poucos.
. Abram a pestana, seus cam...
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