Enquanto cá se enche a Avenida da Liberdade de ervas em mais uma parolada à nacional; enquanto cá os futuros magistrados (sim, os tipos que supostamente serão pagos para apanhar os cidadãos desonestos) são apanhados a copiar em massa nos exames de acesso à carreira; enquanto por cá se fazem governos de incógnitos medíocres; enquanto por cá as transferências de Porto, Benfica e Sporting são notícia de primeira página, eis que surgem movimentos de revolta que se vão espalhando por essa Europa fora (incluindo por cá) sem que o Tuga se aperceba.
Mais do que questionar o nacional-porreirismo que nos rege, "o que se passa com o jornalismo, nos dias de hoje?" é a questão a colocar.
O que sucede a um dos pilares da Democracia, contituído pela liberdade e pela a idoneidade de informação (coloco-as assim, juntas, pois só unidas fazem sentido)? A resposa parece simples: desabou desabou debaixo de interesses económicos, políticos e da mediocridade geral que, por fim, avassalou o meio jornalístico.
O que cá começou com o descrédito de um primeiro-ministro eleito após o choque frontal com o senhor Belmiro de Azevedo, aquando do fracasso da sua OPA, continua com o ignorar das revoltas com a democracia podre em que vivemos em todos os países e locais onde não existam manifestações violentas (na Grécia, portanto). As notícias são poucas, mal explicadas, reduzidas a efemérides e cheias de incorrecções. Terão os media, portugueses e não só, receio de dar ideias aos povos dos seus países? Se sim, quem tal lho pediu?
Em Espanha, a polícia infiltra-se entre os manifestantes para os incitar à violência (sucedeu em Barcelona, no dia do bloqueio ao parlamento). Por cá, passou uma notícia (em rodapé, quase), anunciando que o movimento 15-M perde popularidade por se ter tornado violento. Hoje, foi publicada esta notícia no Publico Online. Atente-se na notícia de que as manifestações se espalham por todo o continente. PArece-me tema para encher todos os canais de notícias e para se convocarem debates, comentários & etc. Então porque tenho ouvido mais acerca do interesse do Inter em Villas-Boas do que neste assunto?
Em Espanha, o El País parece ser uma excepção à cegueira total. Afinal, há quem tenha reconhecido uma farsa. Há pelo menos um jornalista que não se deixa iludir. Veja-se esta notícia.
Já agora, veja-se também o filme onde se compova esta farsa:
O que está a acontecer ao mundo dito democrático? Porque motivo estamos a deixar que isto nos aconteça?
A sorte dos povos ocidentais, contudo, é que a globalização e a tecnologia trouxeram a grande vantagem de se poder, agora, captar, partilhar e comentar notícias sem ter que pedir licença e, felizmente, sem ter que apresentar carteira de jornalista profissional.
Aproveitemos também para obter alguns esclarecimentos sobre o movimentos dos "indignados", pelas palavras do economista catalão José Luis Sampedro:
E para terminar: que merda é esta do Pacto do Euro e porque não está na ordem do dia cá na aldeia?
A imprensa está radiante, amanhã poderá ter a vitória que há tanto almeja: a demissão do governo. Demorou, diga-se. Tem sido uma batalha árdua desde a estória do inglês técnico. A ideia é simples: o povo vota, os jornaleiros decidem quem realmente fica. A grande ilusão, contudo, fica para aqueles que verdeiramente salivam de tanta fome de poder: o PSD, evidentemente. Compadeçamo-nos com toda a justiça, afinal, os pobrezitos filiaram-se num partido esperando tirar dividendos e acabam em anos de fome de poder. Julga o Grande Coelho Laranja (GCL) que vai encontrar o paraíso: o governo demite-se, ele ganha as eleições com as melhores condições de governo laranja possível: um presidente da mesma cor, na melhor das hipóteses um amigo e na pior o inútil que tem sido; o FMI a puxar as verdadeiras cordas do país e as culpas de tudo a serem arremessadas sobre o Sócrates e compadrio.
Engana-se. Em primeiro lugar, o PEC não está sujeito a votação e o PM tem autoridade para passar por cima dos partidos da oposição e aprová-lo na mesma. Crise política pode surgir depois, é verdade, mas irá provavelmente aumentar em proporção inversa à popularidade do GCL, incluindo dentro do seu próprio partido. Pode também acontecer que os portugueses não sejam tão burros quanto o GCL pensa e realmente percebam que, com FMIs, a sua qualidade de vida vai cair no abismo em nome da dívida, da flexibilização do trabalho e artimanhas afins sem mais utilidade que aumentar a margem de lucro dos urubus do costume. Podem também começar a perceber que o PSD foi o partido que nos transformou no paraíso de mão-de-obra barata e dos recibos verdes, na época dos Cavacos, em que o dinheiro da CEE caía a rodos para que deixássemos de produzir o quer que seja que competisse com os alemães. Pode ser também que os portugueses percebem que o GCL pouco mais é do que um betinho sem carreira de qualquer género, de pobre formação académica (outro!), demagogo e sem ideias. Enfim, mais um menino jotinha e janota.
Mas pode ser o governo caia e que o GCL ganhe eleições. Nesse caso, vejamos: não terá maioria absoluta e verá a vida infernizada pela oposição. Verá a manifestação dos "à rasca" multiplicada por mil, principalmente se fizer com que o FMI cá entre e, ainda por cima (ha ha ha) terá de aplicar o PEC IV na mesma, porque Bruxelas já disse que a coisa está bem assim e não é para mexer (não tem graça mas um pouco de sarcasmo não mata).
Dou-lhe seis meses. Para nosso bem e talvez para bem dele próprio. A fominha de poder dos PSDs é de tal ordem que, em vez de deixarem o PS governar e atolar-se na contestação mas, pelo menos, livrar-nos do absoluto desastre económico e social, querem já enfiar-se no mesmo atoleiro. Quem perde somos nós, rascas ou não, mas sempre à rasquinha.
Aparentemente, segundo alguma forma de estudo, 50% dos portugueses acham que antes do 25 de Abril o país estava melhor.
Aparentemente tratar-se-ão dos 50% de portugeses que na altura não sabiam ler nem escrever.
Ou então dos 50% de portugueses que nos dias de hoje não sabem pensar.
. o princípio do fim da dem...
. eis a verdade de tanta me...
Harpad© 2014