Afinal, parece que o governo caiu, o FMI entrou e que o povo português vai pagar ainda mais a crise. Porquê?
Ora vejamos:
1) o Coelho Laranja disse em primeiro lugar que o PEC IV era muito mau para o, já de si bastamente massacrado, Zé Povinho. Falso. Disse ele depois que, afinal, o PEC não só é bonzito como ainda vai implementar ainda mais austeridade, ao gosto do FMI.
2) O Coelho Laranja disse estar muito ofendido porque o Sócrates nada lhe tinha dito sobre o PEC IV antes de o apresentar à Europa. Falso. Afinal, foi chamado a São Bento para o efeito.
Fantástico!
O PSD ainda nem ganhou eleições e já mente descaradamente aos portugueses. Isto, meus caros, é puro talento.
A imprensa está radiante, amanhã poderá ter a vitória que há tanto almeja: a demissão do governo. Demorou, diga-se. Tem sido uma batalha árdua desde a estória do inglês técnico. A ideia é simples: o povo vota, os jornaleiros decidem quem realmente fica. A grande ilusão, contudo, fica para aqueles que verdeiramente salivam de tanta fome de poder: o PSD, evidentemente. Compadeçamo-nos com toda a justiça, afinal, os pobrezitos filiaram-se num partido esperando tirar dividendos e acabam em anos de fome de poder. Julga o Grande Coelho Laranja (GCL) que vai encontrar o paraíso: o governo demite-se, ele ganha as eleições com as melhores condições de governo laranja possível: um presidente da mesma cor, na melhor das hipóteses um amigo e na pior o inútil que tem sido; o FMI a puxar as verdadeiras cordas do país e as culpas de tudo a serem arremessadas sobre o Sócrates e compadrio.
Engana-se. Em primeiro lugar, o PEC não está sujeito a votação e o PM tem autoridade para passar por cima dos partidos da oposição e aprová-lo na mesma. Crise política pode surgir depois, é verdade, mas irá provavelmente aumentar em proporção inversa à popularidade do GCL, incluindo dentro do seu próprio partido. Pode também acontecer que os portugueses não sejam tão burros quanto o GCL pensa e realmente percebam que, com FMIs, a sua qualidade de vida vai cair no abismo em nome da dívida, da flexibilização do trabalho e artimanhas afins sem mais utilidade que aumentar a margem de lucro dos urubus do costume. Podem também começar a perceber que o PSD foi o partido que nos transformou no paraíso de mão-de-obra barata e dos recibos verdes, na época dos Cavacos, em que o dinheiro da CEE caía a rodos para que deixássemos de produzir o quer que seja que competisse com os alemães. Pode ser também que os portugueses percebem que o GCL pouco mais é do que um betinho sem carreira de qualquer género, de pobre formação académica (outro!), demagogo e sem ideias. Enfim, mais um menino jotinha e janota.
Mas pode ser o governo caia e que o GCL ganhe eleições. Nesse caso, vejamos: não terá maioria absoluta e verá a vida infernizada pela oposição. Verá a manifestação dos "à rasca" multiplicada por mil, principalmente se fizer com que o FMI cá entre e, ainda por cima (ha ha ha) terá de aplicar o PEC IV na mesma, porque Bruxelas já disse que a coisa está bem assim e não é para mexer (não tem graça mas um pouco de sarcasmo não mata).
Dou-lhe seis meses. Para nosso bem e talvez para bem dele próprio. A fominha de poder dos PSDs é de tal ordem que, em vez de deixarem o PS governar e atolar-se na contestação mas, pelo menos, livrar-nos do absoluto desastre económico e social, querem já enfiar-se no mesmo atoleiro. Quem perde somos nós, rascas ou não, mas sempre à rasquinha.
A corrupção atingiu já um tal volume que rebenta pelas costuras resultado... os escândalos bancários originados por laranjitas foram vingados pelo Fri-Pór do Socras & afins. Quebrou-se o pacto de regime em vigor há décadas: tu não denuncias os meus podres, eu não denuncio os teus. Resta a conclusão de que não há nem haverá justiça neste país. Quem está no poleiro está muito bem mas quem dele sai fica ainda melhor. São os submarinos, os sobreiros, os bancos privados, os fripóres, os avelinos, os futebóis, as felgueiras, as empresas privadas de ex-ministros que os contribuintes pagaram, os canhões os uniformes, as armas o marfim e os diamantes. Os contribuintes? Pagaram, votaram, pagarão e voltarão a votar, cheios de inveja por o mundo não ser injusto a seu favor, também. Alguém que cosa isto, por favor, antes que nos afoguemos.
Continua a saga do casamento do BPI com o BCP. E o pai da noiva que não se decide se fica se vai. É caso para dizer que nem o pai morre nem a gente almoça. A economia nacional é uma telenovela da TVI: sempre os mesmos actores, sempre o mesmo péssimo enredo e sempre o mesmo público a fazer as vezes de ignorante. A economia portuguesa não passa disto: os grandes fazem opazinhas uns aos outros enquanto se riem de nós, pobres matarruanos que não percebemos nada de economia. E "mais do que isto é Jesus Cristo que não sabia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca".
Os espanhóis não se cansam de abrir sucursais em Portugal enquanto as nossas maiores empresas continuam a ver quem é o maior da aldeia. E eu, provavelmente como Cristo e que não percebo nada disto, continuo a não entender porque razão têm os bancos tantas benesses fiscais principalmente numa altura de sobreendividamento dos portugueses que é um festim para estes cavalheiros. Imagino qual a percentagem do défice que seria abatida se este pessoal pagasse impostos como gente grande já que pouco ou nada investe na sociedade, nos seus trabalhadores e muito menos no estrangeiro (onde há o graveto), de quem aliás, têm medo de morte.
. Afinal, precisamos, isso ...
. A telenovela económica na...
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